quinta-feira, 31 de março de 2011

FANATISMO
(Florbela Espanca)

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida. 
Meus olhos andam cegos de te ver! 
Não és sequer razão do meu viver, 
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida... 
Passo no mundo, meu Amor, a ler 
No misterioso livro do teu ser 
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...” 
Quando me dizem isto, toda a graça 
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros: 
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros, 
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...”

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