terça-feira, 19 de abril de 2011

FAZER SILÊNCIO
(Mariana Ianelli)

Seja o ar da montanha
Para o sono dos cordeiros.

Neve recém-caída,
Puríssimo grão de açúcar,
Duna sob a lua cheia.

Tal qual o fruto da terra
Que se dá a comer no sexto dia.

Jazida inexplorada,
Casa sem mobília,
Vácuo do não-dito,
Êxtase nunca interrompido.

Tal como o olho cego
Que percebe o invisível,
Gema de opalina.

Seja o restante, o indiviso.

Magma transmudado em cinza,
Fóssil na noite da cripta,
O vaivém milenar da água viva,
Líquido momento de sentir
E estar sozinho.

Fazer silêncio.

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