(Astrid Cabral)
O azul ainda perdura
mesmo oculto na pré-chuva.
O sol ainda insiste
a fabricar dias e mormaço.
Ainda há estrelas
enfeitando o colo das noites
alheias desde sempre
à miséria dos homens.
Os mares prosseguem
lambendo praias e pedras
ofertando conchas à areias.
Nenhum terremoto alterou
o perfil dos prédios
os ombros dos morros.
O verde desabrocha fiel
ao comando ritual das estações.
O vento constrói as dunas
alvoroça as folhagens
e vai embora.
Continuam os lares abrigando
moradores cativos de seus destinos.
Afinal, as coisas não mudaram nada
e ninguém suspeita
do naufrágio seguido de milagre.
Meus olhos, porém, mudaram o cosmos.
Puseram esta lágrima boiando
no rosto do mundo.
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