sábado, 30 de julho de 2011

SONETO DA TRISTE FERA
(Ruy Espinheira Filho)

                    a Florisvaldo Mattos

Quanto mais o olhar acera,
recrudesce a noite vasta,
restando apenas à fera
as trevas em que se engasta. 

Choramos, era após era,
esta carência que pasta
entre escombros de quimera
tudo aquilo que não basta 

a nós, esta triste fera
que vê só o duro luzir
desta, mais fera que a fera, 

condição que a vergasta:
corpo — o que nos vai trair;
e alma — o que nos devasta!

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