MEMÓRIAS PÓSTUMAS
(Luís Antonio Cajazeira Ramos)
Nasci, cresci, reproduzi, morri.
Vários deuses jogaram-me no limbo.
Vivi a vida exata. Tal carimbo
não basta? Vale lamentar o fim?
Foi tão curta a passagem no Universo!
Nem bem a tempestade, eis a bonança.
Ah se eu sonhasse nuvens de esperança.
Mas não: postei-me vígil no chão cético.
Neste leito indolor, a letargia
da imagem de um pastor tirando a sesta
em paz, velando em fé a morte certa,
guarda um conselho de ancestral mestria.
Um susto, apenas: a monotonia
desta paz infinita ser eterna.
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