quinta-feira, 25 de agosto de 2011


QUASE APOSENTADO
(Francisco Alvim)
 
Da janela de meu trabalho
vejo três palmeiras  
Entre elas e eu uma rua estreita
uma lâmina de vidro
um parapeito baixo sobre o qual se amontoam fichas
           catálogos
                                                          embrulhos
As palmeiras talvez tenham a minha idade
Posso dizer-lhes
(como se a mim algum dia houvesse dito)
— Somos moços
vamos ver o que a vida ainda nos reserva
A tarde é uma velha doente, ressentida com o mundo
em cujas veias o sangue tornou-se espesso e difícil
de cujas folhagens escorre uma brisa macilenta

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